No Japão, há muitas palavras similares às do português devido à fascinante troca linguística na colonização e intercâmbio com outros.
As línguas são seres dinâmicos e, ao invés de permanecerem estáticas, elas se moldam conforme a interação com os falantes, evoluindo ao longo do tempo e através da influência de outros idiomas e culturas. No Japão, podemos encontrar diversas palavras semelhantes às usadas em português, cada uma carregando sua própria história e significado.
O povo nipônico é conhecido por sua rica cultura e tradições milenares, representando uma sociedade onde o respeito e a disciplina são valores fundamentais. Os habitantes do Japão têm contribuído de forma significativa para a inovação tecnológica global, mostrando ao mundo como a harmonia entre tradição e modernidade pode resultar em avanços impressionantes.
Os Japoneses e a Fascinante Troca Linguística
Quase cinco séculos atrás, os japoneses incorporaram ao seu vocabulário termos específicos, muitos utilizados até hoje. Por exemplo: pan para designar pão, biroodo para veludo, tabako para tabaco e karuta para carta de baralho. Mas 11 mil quilômetros separam Lisboa de Tóquio e, aparentemente, não há nada em comum entre essas duas culturas, uma forjada na Europa medieval, outra carregada do tradicionalismo oriental nipônico. A explicação está na religião. Mais especificamente, nos esforços empreendidos pela Companhia de Jesus, mesma ordem religiosa que, por meio de José de Anchieta e tantos outros, encarregou-se de catequizar indígenas brasileiros durante a colonização, e mesma ordem religiosa do argentino Jorge Bergoglio, o Papa Francisco.
Essa história revela que os portugueses foram pioneiros no contato frequente entre europeus e nipônicos. Mas suas nuances culturais e religiosas estão no cerne de uma fascinante troca linguística. E está em evidência por causa da série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, baseada no romance Shōgun, de James Clavell, e que estreou em fevereiro.
Conforme conta à reportagem a professora de japonês Monica Okamoto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), isso ocorreu em Tanegashima, uma pequena ilha ao sul do Japão. Foi o primeiro encontro do povo japonês com o ocidente. Na época, o Japão estava sob o domínio do xogunato, um sistema de governo militar, e os xoguns ficaram impressionados com algumas tecnologias apresentadas pelos portugueses, sobretudo a arma de fogo do tipo mosquete.
Assim, num primeiro momento, os xoguns permitiram a entrada dos portugueses com a intenção de conhecer outras inovações ocidentais nos campos militar e naval. Os portugueses, por outro lado, iniciaram suas missões de catequização, introduzindo o catolicismo no Japão por meio da instalação de escolas, santas casas e igrejas. Desse intenso e curto período de relações internacionais entre Japão e Portugal, muitas palavras portuguesas acabaram sendo incorporadas ao vocabulário japonês.
O primeiro jesuíta a chegar ao Japão foi o missionário São Francisco Xavier, em 1549. Era navarro e fez parte do grupo que, com Santo Inácio de Loyola, fundou a Companhia de Jesus. Teria sido o próprio Loyola quem havia decidido enviar Xavier para o oriente, a pedido do rei de Portugal, dom João 3º, que pretendia desenvolver a atividade missionária nos territórios alcançados pelos navegadores portugueses.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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