Reserva de 1,8 milhão de hectares em Rondônia: agentes autorizados com apoio da Força Nacional reconhecem erro, invasores retornam e região se torna mais vulnerável.
A solicituação de auxílio da Força Nacional de Segurança Pública pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas para proteger a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, é um passo importante na preservação do local. Desde sua homologação em 1991, essa reserva de 1,8 milhão de hectares tem sido alvo de conflitos constantes e invasões recorrentes por não indígenas.
A preservação da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau é essencial para garantir a segurança e a cultura dos povos nativos que lá habitam. A atuação conjunta para proteger a TI Uru-Eu-Wau-Wau é fundamental para assegurar a preservação ambiental e os direitos dos povos indígenas.
TI Uru-Eu-Wau-Wau: A luta contra a invasão de terras indígenas
Em janeiro deste ano, os agentes receberam autorização para participar de uma operação em colaboração com a Polícia Federal e a Funai, que executou dois mandados de busca e apreensão emitidos pela 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Ji-Paraná, com o objetivo de expulsar invasores da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau. As investigações revelaram que os invasores desmataram uma área nos municípios de Governador Jorge Teixeira e Theobroma, visando a prática de crimes relacionados ao contrabando de produtos veterinários.
De acordo com a indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo, também conhecida como Neidinha Surui, que trabalha em Rondônia há cinco décadas, logo após a intervenção das forças federais na região, os invasores retornaram e ocuparam novamente partes da TI Uru-Eu-Wau-Wau. Neidinha destaca que a pressão sobre os indígenas na área aumentou significativamente após a condenação de João Carlos da Silva, em 16 de abril, pelo assassinato do professor e líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau.
A ativista explica que os invasores estão insatisfeitos porque os indígenas estão defendendo suas terras e impedindo seu avanço, especialmente na região do Burareiro, onde eles se mobilizam pela redução das áreas demarcadas e destinadas aos povos indígenas. O conflito na região persiste desde que o Incra sobrepos a TI homologada com o Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) durante o governo militar em 1975.
Neidinha ressalta que a Justiça já reconheceu o equívoco e determinou a indenização e remoção dos assentados. Ela enfatiza que o principal problema não são os agricultores que serão deslocados, mas sim os grileiros que se aproveitam da situação para invadir, desmatar e criar gado ilegalmente. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal em março deste ano, referente à ADPF 709, ordenou que as autoridades federais de segurança pública executem a desintrusão de sete terras indígenas, incluindo a TI Uru-Eu-Wau-Wau.
A TI Uru-Eu-Wau-Wau está situada em uma área que engloba 12 municípios de Rondônia, onde vivem os povos Jupaú (ou Uru-eu-wau-wau), Oro Win, Amondawa, Cabixi e outros quatro povos isolados. Devido à presença de povos sem contato, a Funai opera na TI por meio da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE). Neidinha observa que a Funai enfrenta dificuldades para atuar na região por falta de estrutura para apoiar os indígenas e conter os invasores.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública concedeu autorização para o emprego da Força Nacional de Segurança Pública na TI Uru-Eu-Wau-Wau, por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União. Nesta tarde, a Funai se reunirá com as lideranças da TI Uru-Eu-Wau-Wau para discutir as reivindicações e necessidades da região, buscando soluções para a proteção das terras indígenas.
Fonte: @ Agencia Brasil
Comentários sobre este artigo