Anãs pequenas têm atmosfera tóxica com coquetel de partículas de silicato próximas a tempestades de areia do Saara. Relatório meteorológico de pesquisa em anãs atmosféricas.
O mais recente boletim climático de duas anãs marrons – corpos celestes maiores do que planetas, porém menores do que estrelas – mais próximas de nós foi divulgado. O clima por lá é hostil, para dizer o mínimo: extremamente quente, com uma mistura tóxica pairando na atmosfera e com nuvens de partículas de silicato próximas a tempestades de areia no Saara. Os cientistas utilizaram os dados do telescópio espacial James Webb para realizar uma análise minuciosa das condições atmosféricas nas anãs marrons, especialmente um par que orbita a aproximadamente seis anos-luz da Terra, uma distância considerada próxima em termos cósmicos.
Essas observações fornecem insights valiosos sobre a atmosfera desses corpos celestes peculiares, ajudando os pesquisadores a entender melhor a dinâmica atmosférica em corpos cósmicos menos convencionais. A pesquisa revelou dados fascinantes sobre as condições extremas nessas anãs marrons, destacando a complexidade e diversidade dos corpos celestiais que povoam nosso universo vasto e diversificado. meteorológicos
Explorando o Universo das Anãs Marrons
Um ano-luz representa a extensão percorrida pela luz em um ano, equivalente a 9,5 trilhões de quilômetros. O relatório recente do Webb revela uma perspectiva tridimensional das mudanças climáticas durante a rotação das anãs marrons – corpos celestes fascinantes, com sete e cinco horas de rotação, respectivamente, exibindo múltiplas camadas de nuvens em diferentes altitudes atmosféricas.
A Nasa aponta que 17 exoplanetas congelados podem oferecer condições favoráveis à vida. Estudos indicam a presença de atmosfera e oceanos líquidos em exoplanetas gelados. Uma imagem intrigante capturada pelo James Webb mostra um pinguim e um ovo espaciais, adicionando um toque de humor cósmico à pesquisa.
As atmosferas das anãs marrons são predominantemente compostas por hidrogênio e hélio, com vestígios de vapor de água, metano e monóxido de carbono. As temperaturas em suas nuvens atingem até 925 ºC, comparáveis a uma chama de vela comum.
Beth Biller, renomada astrônoma do Instituto de Astronomia da Universidade de Edimburgo, descreve o estudo como a elaboração do mais minucioso mapa meteorológico de anãs marrons já concebido. Publicado no periódico acadêmico Monthly Notices, da Sociedade Real de Astronomia, o estudo oferece insights valiosos sobre esses corpos celestes intrigantes.
Anãs marrons, classificadas como corpos cósmicos intermediários entre estrelas e planetas, emitem luz própria devido ao calor gerado internamente. Biller compara esse fenômeno à visualização de carvão incandescente, destacando a intensidade desse brilho estudado pelo Webb.
Diferentemente das estrelas, as anãs marrons não realizam fusão nuclear em seus núcleos. Com características planetárias, esses corpos cósmicos possuem nuvens compostas por partículas de silicato quente, semelhantes a tempestades de areia abrasadora do Saara, segundo Biller.
A formação das anãs marrons remonta a grandes nuvens de gás e poeira, sem massa suficiente para sustentar fusão nuclear. Com composição semelhante a gigantes gasosos como Júpiter, esses corpos celestes apresentam massas até 80 vezes superiores à de Júpiter, enquanto o sol supera Júpiter em cerca de 1 mil vezes em massa.
As duas anãs marrons analisadas pelo Webb surgiram há aproximadamente 500 milhões de anos, exibindo diâmetros comparáveis ao de Júpiter, sendo uma 35 vezes maior e a outra 30 vezes maior que o gigante gasoso. Com cerca de mil anãs marrons conhecidas em comparação a mais de 5 mil exoplanetas, esses corpos celestes são relativamente comuns.
O Webb, com foco principal no infravermelho, representa um avanço significativo na compreensão das complexas atmosferas das anãs marrons. Ao oferecer sensibilidade e alcance de comprimento de onda sem precedentes, o telescópio proporciona insights valiosos sobre esses corpos celestiais intrigantes, enriquecendo nossa exploração do cosmos.
Fonte: © CNN Brasil
Comentários sobre este artigo