Painel Industry Alignment discute gap de dados sobre pegada de carbono e pressiona parceiros para reciclagem. Dados relacionados à sustentabilidade são essenciais para reduzir emissões.
A importância da sustentabilidade tem ganhado cada vez mais destaque em diversos eventos e conferências ao redor do mundo. O South by Southwest, por exemplo, inclui em sua programação uma trilha dedicada exclusivamente a debater práticas sustentáveis e soluções inovadoras para um futuro mais verde e equilibrado. É essencial que empresas e indivíduos se conscientizem sobre a urgência de adotar medidas em prol do meio ambiente e da sociedade.
Discutir a sustentabilidade vai muito além de simplesmente combater as mudanças climáticas. É preciso promover uma verdadeira revolução na forma como interagimos com o meio ambiente, incentivando a proteção da fauna e flora, a preservação dos recursos naturais e a prática da ecologia em nosso cotidiano. Cada pequeno gesto em direção a um planeta mais saudável faz a diferença, e juntos podemos construir um futuro sustentável para as próximas gerações.
Painel ‘Industry Alignment: The Key to Product Decarbonization’
No painel ‘Industry Alignment: The Key to Product Decarbonization’, o co-fundador e CEO da Optera, Tim Weiss, explicou que há três níveis de emissões na cadeia de produção. O scope 1 (uso de combustíveis fósseis) e 2 (gasto elétrico) se referem a emissões diretamente relacionadas a cada empresa. Esses são mensuráveis.
Já o scope 3 diz respeito às emissões de parceiros terceiros de cada empresa, ou seja, envolve a cadeia de suprimentos. Como tais parceiros não necessariamente mensuram suas emissões, há um gap de dados que poderiam ajudar as companhias a reduzirem seus danos ao meio ambiente.
VP de sustentabilidade corporativa da Lowe’s Companies, Chris Cassell, e CEO da Optera, Tim Weiss, discutiram descarbonização (Crédito: Thaís Monteiro) Segundo Weiss, as empresas estão atentas, têm medo de suas ações serem interpretadas como greenwashing, mas a falta de dados trabalha contra a redução das emissões.
‘Descarbonizar tudo que as empresas tocam e influenciam é um desafio, porque não tem informação. Primeiro, você precisa desses dados para mudar a agulha’, pontuou. Soma-se a esse desafio a falta de soluções sustentáveis que, embora em desenvolvimento, podem levar anos para serem lançadas e apresentam custos de investimento mais altos.
Também integrou esse painel o VP de sustentabilidade corporativa da Lowe’s Companies, Chris Cassell, que afirmou que apenas 1% de toda a emissão de carbono da Lowe’s se refere a emissões diretas da empresa, ou seja, o scope 1 e 2. ‘Por muito tempo fizemos desculpas. As pessoas falam ‘Meu scope 3 é o scope 1 e 2 de outra empresa’ como forma de fugir da responsabilidade’, disse.
Como solução, a Lowe’s busca se alinhar a empresas que fornecem dados sobre emissões e demais índices relacionados à sustentabilidade. Além disso, a empresa se juntou a um movimento pela maior obtenção de dados sobre a cadeia produtiva com a Optera.
A Optera e a Retail Industry Leaders Association (RILA) criaram a base de dados Direct-Use Product Emissions Database (DPED) para encontrar gaps nos dados e estabelecer como os varejistas podem diminuir suas emissões de terceiros.
O representante da Lowe’s acredita que esse esforço vai economizar tempo para o time de sustentabilidade, que frequentemente passa muito tempo calculando e examinando relatórios de dados. ‘Se todos os varejistas pressionarem seus parceiros de produção a estabelecer mensuração, podemos pressionar para ter esses dados’, propôs Cassell.
‘O objetivo é trabalhar com fornecedores e ter dados para ajudar nós varejistas a fazer produtos melhores na prateleira. Se as pessoas têm o conhecimento e atribuem valor, vai trazer mudanças nas compras’, complementou. Ressignificando o plástico Como um dos materiais sólidos com maior tempo de decomposição, o plástico virou um dos obstáculos da reciclagem de materiais.
Cerca de 90% do plástico mundial não é reciclado.
Desafios da Reciclagem e a Importância da Educação Sobre Sustentabilidade
Presidente e CEO da American Chemistry Council, Chris Jahn; CEO da iniciativa The Recycling Partnership, Keefe Harrison; presidente da Alterra, Jeremy DeBenedictis; e Ken Laverdure, membro do time de sustentabilidade da Estee Lauder Companies; debateram reciclagem (Crédito: Thaís Monteiro) Segundo a CEO da iniciativa The Recycling Partnership, Keefe Harrison, os consumidores têm muitas dúvidas e desconfianças sobre a reciclagem.
Muitos não sabem o que é reciclável e outros não confiam que o material que estão reciclando irá, de fato, ter um destino. Isso faz com que o engajamento em prol da sustentabilidade caminhe a passos mais lentos. A executiva critica as empresas que colocam selos relacionados à sustentabilidade.
‘O design tem responsabilidade em promover a sustentabilidade, ajudar as pessoas a reciclarem’, argumentou. O desafio da Alterra, empresa que trabalha para transformar o plástico em seu componente bruto para ser reutilizado, é fazer com que o público passe a dar valor para o seu lixo e, assim, estimular a reciclagem e economia circular.
‘Há alguns tipos de plásticos que são difíceis de reciclar, mas todos têm valor. Nós tentamos colocar isso no mercado. Fazer as pessoas ligarem o suficiente para separar o lixo. Educar a todos faz diferença.
Precisamos fazer as indústrias criarem infraestruturas para reciclar mais, mas nós também tomamos uma decisão individual diária de onde vou jogar meu lixo’, afirmou o presidente da empresa, Jeremy DeBenedictis.
Representando a indústria de bens de consumo, Ken Laverdure, que é parte do time de sustentabilidade da Estee Lauder Companies, relatou as dificuldades de produzir e incentivar a reciclagem.
Segundo ele, a empresa tem que procurar materiais que interagem bem com as fórmulas químicas do produto, se adequar às legislações e regras sobre embalagens, torná-las suficientemente atrativas para o consumidor e criar programas de reciclagem, mas nada disso funciona se o consumidor não se engajar nessa missão conjunta.
‘Temos pontos de coleta e de troca, mas o consumidor tem que se motivar a ir lá’, disse. DeBenedictis criticou as empresas que repassam o custo da sustentabilidade e pagamento de taxas e impostos ligados ao tema para o bolso do consumidor. Keefe defende que devem haver políticas públicas mais efetivas sobre o tema. ‘Não deveria ser uma escolha do público e sim um serviço público’, disse.
‘Precisamos de soluções que se equivalem ao tamanho do problema’, pontuou.
Fonte: @ Meio&Mensagem
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