Diagnóstico desafiador de arboviroses para residentes do Amazonas devido a sintomas similares a outras doenças comuns e limitações nos exames disponíveis. Sugerido pelo Hospital Israelita Albert Einstein e Ministério da Saúde.
A incidência de febre oropouche teve um aumento significativo no território brasileiro. Em comparação ao ano anterior, em que foram reportados 832 casos da doença, o Ministério da Saúde (MS) já identificou 3.354 registros nas primeiras semanas de 2024. O vírus oropouche tem preocupado as autoridades de saúde devido ao seu rápido avanço no país.
A região mais afetada pela febre oropouche até o momento é o Amazonas, com 2.538 casos confirmados, seguido por Rondônia (574), Acre (108), Pará (29) e Roraima (18). A propagação da doença oropouche reforça a importância de medidas preventivas e de controle para conter a disseminação do vírus oropouche.
O aumento dos casos de febre oropouche preocupa o Ministério da Saúde
Fora da região Norte, Bahia (31), Mato Grosso (11), São Paulo (7) e Rio de Janeiro (6) foram os Estados com maior número de registros da doença causada pelo vírus oropouche. O Culicoides paraensis, também conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é o principal vetor da febre oropouche. Segundo o Ministério da Saúde, a descentralização do diagnóstico laboratorial para detecção do vírus nos Estados da região amazônica, onde a doença é considerada endêmica, é o principal motivo por trás do aumento no número de casos.
A situação, porém, é mais complexa do que parece. Enquanto locais da Amazônia têm maior disponibilidade de exames, há outras regiões do Brasil sem possibilidade de detecção, o que sugere que o número de casos de febre oropouche seja muito superior ao registrado. Além disso, a semelhança entre os sintomas da oropouche e a dengue colabora com a subnotificação. Ambas são arboviroses, doenças virais transmitidas por artrópodes, como mosquitos e carrapatos, e apresentam sintomas como dor de cabeça, nos músculos e articulações, além de náusea e diarreia.
A análise do Hospital Israelita Albert Einstein sobre a febre oropouche
A infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Emy Gouveia, destaca o ritmo atípico da febre oropouche, que pode ser associado ao fenômeno El Niño e às mudanças climáticas. Essas condições resultam em temperaturas elevadas e chuvas irregulares, ideais para a reprodução dos mosquitos transmissores e disseminação da doença.
A febre oropouche é uma doença viral causada pelo vírus oropouche, transmitido principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, também conhecido como maruim. Emy Gouveia ressalta que a transmissão ocorre quando um mosquito pica primeiro uma pessoa ou animal infectado e depois pica uma pessoa saudável, passando a doença para ela.
O ciclo de transmissão da doença oropouche
Existem dois tipos de ciclos de transmissão da febre oropouche: o ciclo silvestre e o ciclo urbano. No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos são hospedeiros do vírus, e o maruim é considerado o principal transmissor. Já no ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros, e o maruim também é o vetor principal, embora outros mosquitos, como o Culex quinquefasciatus, possam estar envolvidos. Para o Ministério da Saúde e os residentes dos Amazonas, a prevenção e o diagnóstico laboratorial preciso são essenciais para o controle eficaz das arboviroses, incluindo a febre oropouche.
Fonte: @ Estadão
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