Artista usa chamativa jaqueta: branca, longa, botas, Rick Owens, mangas costuradas, sem fivelas e cintos pretos. Contra-cultural dos ’60, contrapensamento antipsiquiatria: coletes, contenção, ECT, armazém branco, todo branco, correia verde. Vestido: renda, branco, par, salto, casaco, lona, creme, fivelas, fecho, movimento.
A cantora Rosalía, vencedora do Grammy Latino por 12 vezes, deu o que falar em Nova York ao aparecer com um visual que certamente chamava atenção. A estrela pop espanhola combinou um elegante vestido de renda branca com um par de botas Rick Owens Cantilever sem salto, mas o destaque estava na camisa de força que usava nos ombros. Um casaco de lona creme com múltiplas fivelas e cintos pretos, deixando todos curiosos se seria mais uma jaqueta de motociclista vintage ou uma ousada camisa de força fashion.
Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas da cidade, Rosalía provou mais uma vez sua originalidade ao incorporar elementos inusitados em seu guarda-roupa. O contraste entre a delicadeza do vestido e a robustez da camisa de força criou um visual único e cheio de personalidade. Mesmo com o uso do inusitado acessório, a cantora se destacou pela segurança em seu estilo, mostrando que é possível misturar moda com itens como um colete de segurança e manter a elegância.
Revestindo a Originalidade
Desde a estreia de seu terceiro álbum, ‘Motomami’, Rosalía tem sido vista com diferentes looks, indo de óculos escuros estilosos à moda motociclista, até capacetes Harley Davidson. Mas, após uma inspeção minuciosa, seu visual parecia mais voltado para o universo médico do que para a cultura motociclista. As mangas longas costuradas com outra fivela de fecho pareciam exercer pressão sobre as mãos da cantora, quase como se estivessem presas em um colete de segurança. Seu casaco lembrava vagamente uma camisa de força.
A Evolução das Restrições
As camisas de força têm suas origens no século 18, como instrumentos de restrição utilizados em hospitais e asilos. Embora destinadas a garantir a segurança dos pacientes, algumas pessoas consideravam sua utilização desumana, o que levou a debates sobre tratamentos alternativos. Com o surgimento do movimento antipsiquiatria nos anos 60, houve críticas às práticas como coletes de contenção e terapia eletroconvulsiva (ECT), questionando até mesmo os conceitos tradicionais de doença mental.
Moda e Protesto
Rosália não é a primeira a tentar reintepretar as camisas de força no contexto da moda. Em 2019, a Gucci causou polêmica ao apresentar macacões inspirados em camisas de força na Semana de Moda de Milão. Modelos desfilaram em um ambiente de armazém branco, destoando com a correia transportadora verde. A coleção chamou atenção, com muitos trajes apresentando fivelas e cintos. Uma modelo, Ayesha Tan-Jones, fez um protesto silencioso escrevendo ‘saúde mental não é moda’ nas mãos.
Um Símbolo de Resistência
As camisas de força representam muito mais do que restrições físicas; são um símbolo histórico de uma era de tratamentos questionáveis em saúde mental. Embora raramente usadas atualmente, essas peças ainda evocam memórias sombrias de abusos em asilos. A reinterpretação desses símbolos na moda contemporânea continua a gerar debates sobre ética e representação.
Fonte: @ CNN Brasil
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