Mercado de consultoria aquecido com fusões e aquisições, mas vendedores buscam valuations de 2020, enquanto compradores argumentam que o mercado mudou, travando a maioria dos deals.
No mercado de fusões e aquisições, as negociações entre assessorias de investimento estão em alta, mas até agosto, nenhuma grande transação foi concretizada. Um estudo da consultoria AAWZ, especialista em M&As, revela que as conversas, embora intensas, não se transformam em deals lucrativos devido a uma série de fatores.
De acordo com o estudo, os valores de avaliação são o principal obstáculo para a concretização de fusões e aquisições. A consultoria AAWZ destaca que as negociações entre as partes envolvidas são frequentes, mas as transações não são concluídas devido à falta de acordo sobre os preços. A busca por valor é um fator crucial nesse processo, e as assessorias de investimento precisam encontrar um equilíbrio entre o valor oferecido e o valor percebido para que as M&As sejam bem-sucedidas.
Desafios nas Negociações de M&As;
A atividade de assessoria de investimentos enfrentou um período desafiador nos últimos 12 a 24 meses, marcado por baixa captação e baixo crescimento da custódia. No entanto, as conversas sobre fusões e aquisições (M&As;) têm acelerado, segundo Filipe Medeiros, CEO e fundador da AAWZ. ‘Mas pouca coisa se concretiza de fato porque tem gente apegada aos valuations do mercado de 2020, que não existe mais’, complementa.
O estudo da consultoria AAWZ revela que ocorreram cinco M&As; entre agosto de 2023 e 2024 com encerramento de CNPJ (completamente efetivados) e 14 movimentações parciais, ou seja, o CNPJ anterior foi mantido, mas houve mudança de 50% do time de uma assessoria para outra. As negociações mais frequentes ocorrem entre escritórios de R$ 1 bilhão a R$ 3 bilhões sob custódia, que buscam uma fusão para ganhar escala, ou entre assessorias de investimento com mais de R$ 3 bilhões querendo incorporar operações menores que agregam em valor, principalmente pela qualidade dos sócios.
Consolidação da Indústria
Dos cinco M&As; assinados, a AAWZ esteve presente em dois. Um desses foi o da Inove, que incorporou a Eu Investimentos, com cerca de R$ 500 milhões sob custódia. Hoje, o escritório plugado na XP totaliza R$ 6 bilhões. ‘Acreditamos muito no movimento de consolidação da indústria. Esse foi o nosso terceiro deal e continuamos avaliando alguns outros’, afirma Eduardo Madaleno, CEO da Inove. ‘Mas as coisas só andam quando de fato há uma clareza da sinergia e flexibilidade entre as partes na negociação. E o valor de mercado hoje mudou’, complementa.
O fator tempo é um dos principais desafios nas negociações de M&As;. Quando se pega uma janela maior de tempo, o estudo da AAWZ mostra que ocorreram, em média, quatro operações de fusão e aquisição entre o terceiro trimestre de 2020 e o segundo trimestre de 2024 – sempre considerando casas com, no mínimo, 10 assessores. A média de deals foi caindo nos últimos 24 meses justamente pelas condições macroeconômicas.
Mudanças no Mercado
Em 2020, a taxa de juros estava em 2% ao ano e as assessorias cresciam, em média, 70% ao ano. Agora, com a Selic na casa de dois dígitos, o crescimento médio tem sido de 20% ao ano. Um bom exemplo dessa mudança de realidade no mercado é a própria XP, que foi avaliada em seu IPO a mais de 50x o lucro no fim de 2019 e, agora, está avaliada na Nasdaq a cerca de 15x o lucro. O problema, na visão de Medeiros, da AAWZ, é que o acordo de sócios pelo partnership das empresas de assessoria não foi atualizado – e o ideal teria sido uma correção de três a quatros vezes no período. Esses assessores internos ‘compraram’ a sociedade com um valor maior e não estão dispostos a negociar.
Fonte: @ NEO FEED
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