BoJ encerra ciclo de taxas negativas, impulsionando mercado de ações japonês em 2024 com investimentos globais e desempenho das empresas de tecnologia, semicondutores e do setor de trabalho.
O Japão tem se destacado no cenário econômico mundial, sendo um dos países mais inovadores e tecnológicos do planeta. Além disso, a cultura japonesa é rica em tradições e costumes milenares, o que atrai a atenção de milhares de turistas todos os anos para o país do sol nascente.
A economia japonesa é impulsionada por grandes empresas japonesas, como a Toyota e a Sony, que são referências globais em seus segmentos de atuação. Essas empresas são responsáveis por uma grande parte da produção e exportação de bens e serviços do Japão, contribuindo significativamente para o crescimento econômico do país.
O sucesso das empresas japonesas no país do sol nascente
Chamado de ‘A volta dos Sete Samurais’ – em referência às sete empresas mais valorizadas da Bolsa de Tóquio e ao filme de Akira Kurosawa, de 1954 -, o estudo apresenta o desempenho de Tokyo Electron, que atua no setor de semicondutores; Mitsubishi; Toyota; Nintendo; Fast Retailing, dona da marca Uniqlo; Sony e Mitsubishi UFJ Financial Group, o maior banco japonês.
A comparação é com as Magníficas Sete (o ‘clube’ formado por Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, empresas tech americanas que lideraram os ganhos do S&P 500 em 2023).
Para se ter uma ideia dos novos ventos que sopram no Japão, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio registrou 14,6% de ganhos no acumulado do ano, deixando para trás o S&P 500, principal índice do mercado acionário dos Estados Unidos, com apenas 4,3% de retorno.
A mudança na economia japonesa e os investimentos globais
A comparação surge no contexto de uma mudança mais ampla na economia japonesa, cujas empresas vêm recebendo investimentos globais que estavam alocados na China, por conta do fraco desempenho do mercado acionário chinês aliado à desvalorização do iene.
De acordo com levantamento da Bridgewise, embora as sete gigantes americanas tenham superado os ‘Sete Samurais’ japoneses em um acumulado de 12 meses, ganhando 89% de valorização contra 73% das empresas japonesas, nos três primeiros meses de 2024, a maré mudou, com os Samurais tendo um desempenho significativamente superior, com ganho de 23,1%, contra apenas 9,2% das Magníficas Sete.
O impacto da guerra tecnológica nas empresas japonesas
‘O aumento dos juros, com o reforço do iene desfavorecido, pode ajudar o Japão a captar mais dólares do mercado americano e segurar a inflação’, diz Thiago Guedes, analista e diretor de negócios da Bridgewise. O índice Nikkei 225 já vinha superando o S&P 500, tanto em 2022 como em 2023. A perda de 9,4% em 2022, por exemplo, foi menor que a de 19,4% do S&P.
A nova política monetária do Banco do Japão
O índice Nikkei subiu 0,7 % após a decisão histórica do Banco do Japão (BoJ), o banco central japonês, que elevou na terça-feira, 19 de março, as taxas de juros pela primeira vez desde 2007 – a única mudança posterior ocorreu em 2016, quando BoJ deu início ao ciclo de oito anos de taxas negativas, agora encerrado.
O BoJ vinha recorrendo a taxas de juro negativas desde 2016, ao tentar encorajar os bancos a emprestar mais, a fim de gerar gastos e conter os riscos de um abrandamento econômico global. Outros bancos centrais – na zona euro, nos países nórdicos e na Suíça – também reduziram as taxas abaixo de zero após a crise financeira de 2011. Mas o Japão era o único país a praticá-las até agora.
A busca por estabilidade econômica no Japão
As apostas num aumento das taxas de juro cresceram depois de a Confederação Sindical Japonesa, a maior associação de sindicatos do país, ter negociado para que os seus sete milhões de membros recebam aumentos salariais superiores a 5% este ano, o maior aumento anual desde 1991. Isso somou-se a um aumento salarial médio de cerca de 3,6% em 2023.
‘O comportamento do mercado de trabalho, que tem baixo índice de desemprego, foi essencial para essa decisão do BC japonês’, afirmou ao NeoFeed o economista Nicolas Borsoi, da corretora Nova Futura. Segundo ele, a autoridade monetária concluiu que o aumento dos salários sinaliza que as empresas e os trabalhadores esperam que os preços se mantenham mais elevados.
‘O desemprego baixo com inflação elevada para os padrões japoneses justifica essa mudança nos juros’, acrescentou. As alterações da política monetária japonesa deverão, com o tempo, desencadear novos fluxos de investimento globais. Borsai observa que esse crescimento se deve à composição do índice Nikkei, que tem empresas exportadoras e de tecnologia entre as mais valorizadas.
Fonte: @ NEO FEED
Comentários sobre este artigo