Passamos de “buy and hold” predictível para um paisagem vibrante de ativos e estratégias: cultura, dopamina, nova realidade, preferência pelas novidades, emoção, imediata, promessa de retornos rápidos, ilusão astronômicos, corrida, frenética, grande aposta, plataformas de rápida valorização.
Atualmente, estamos imersos em uma transformação nos padrões culturais que influenciam nossa sociedade. E essa mudança também impacta nossos investimentos. Deixamos para trás a estabilidade do ‘comprar e manter’, uma filosofia do investidor cauteloso, e entramos em um cenário dinâmico e diversificado de ativos e estratégias, e, de maneira surpreendente, na era da dopamina.
Essa nova realidade nos apresenta uma gratificação instantânea de possibilidades e desafios. A intersecção entre cultura e finanças nos leva a repensar nossas abordagens e ações. É crucial encontrar equilíbrio entre a busca por retornos e a compreensão dos impactos de nossas escolhas a longo prazo. Afinal, a jornada do investimento vai além da gratificação imediata, exigindo uma visão ampla e estratégica para alcançar nossos objetivos.
Cultura da Dopamina: Uma Nova Realidade de Gratificação Instantânea
A interseção entre apostas e investimentos reflete diretamente a influência da cultura da dopamina, que está redefinindo nossas interações diárias. O conceito de ‘Cultura da Dopamina’, debatido por especialistas em tecnologia, representa uma realidade emergente onde a busca por gratificação instantânea não é apenas uma preferência, mas uma expectativa.
Essa cultura da dopamina se manifesta em diversos aspectos, desde vídeos breves até compras instantâneas, indicando uma mudança semelhante no cenário dos investimentos. Ela se caracteriza pela inclinação pela novidade e pela emoção imediata, impulsionada pela promessa de recompensas rápidas e pela ilusão de retornos astronômicos.
Ao invés de análises detalhadas e estratégias de longo prazo, observamos uma corrida frenética em busca do próximo grande êxito, muitas vezes sem uma compreensão plena dos riscos envolvidos. Essa abordagem pode ser equiparada ao comportamento em cassinos, onde a próxima ‘grande aposta’ pode tanto trazer ganhos exorbitantes quanto perdas devastadoras.
É evidente que certos produtos de investimento estão se assemelhando cada vez mais aos produtos de consumo instantâneo. Enquanto antes valorizávamos a estabilidade e a previsibilidade, agora estamos mais propensos a aderir a plataformas que proporcionam a emoção da descoberta e da rápida valorização. A fidelidade aos investimentos de longo prazo muitas vezes é deixada de lado em prol de lucros imediatos.
É crucial que as empresas envolvidas no setor de investimentos reconheçam e se ajustem a essa nova realidade, não como uma rendição, mas como uma forma de instruir e orientar seus clientes através desse labirinto de tentações fugazes. Da mesma maneira, os órgãos reguladores devem intensificar e moldar políticas que protejam os investidores, especialmente os menos experientes, dessa onda de estratégias arriscadas que podem ser mais prejudiciais do que benéficas.
A questão que se coloca é como podemos aproveitar os aspectos positivos dessa cultura emergente sem sucumbir aos seus excessos. A tecnologia que impulsiona essas transformações também oferece oportunidades para melhor educar e capacitar os investidores a tomarem decisões mais conscientes e seguras. Assim, a cultura da dopamina nos investimentos reflete uma mudança mais ampla em nossa sociedade, que prioriza a velocidade e a emoção em detrimento da reflexão e da sustentabilidade.
É fundamental reconhecer e abordar os desafios que essa mudança acarreta, garantindo que a inovação nos investimentos continue a servir os interesses de todos os envolvidos. Guilherme Assis, cofundador e CEO do Gorila, destaca a importância de navegarmos por esse novo panorama com sabedoria e discernimento.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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