Nos mercados asiáticos, queda de valor preocupa, enquanto nos EUA, analistas veem desvalorização ‘saudável’ após distorções.
A semana teve início com turbulência nas bolsas ao redor do globo. Os primeiros a ‘sentirem o impacto’ foram os mercados asiáticos, com ênfase em uma queda de mais de 12% do índice de ações do Japão, a maior em 38 anos. Em seguida, diversas bolsas na Europa também apresentaram desvalorizações expressivas de mais de 2%.
Nesse cenário de instabilidade nos mercados financeiros, os investidores estão atentos às oscilações das bolsas de valores ao redor do mundo. A volatilidade nos mercados acionários tem sido uma constante, refletindo as incertezas econômicas globais. Em meio a esse contexto, é fundamental acompanhar de perto as movimentações nos mercados financeiros para tomar decisões estratégicas.
Impacto da Desvalorização nas Bolsas de Valores
Por fim, com os mercados financeiros, as bolsas americanas não escaparam da queda: o Nasdaq afundou 3,4%, e o Dow Jones e o índice das maiores empresas americanas, o S&P 500, apresentaram as maiores quedas em quase dois anos. O índice do medo, o VIX, disparou 170%, encerrando o dia nos níveis de 2020, em plena pandemia do coronavírus. Todo esse pânico foi desencadeado por dados mais fracos do que o esperado pelos analistas do mercado de trabalho americano, divulgados na quinta-feira passada pelo relatório ADP, e reforçados na sexta-feira pelo relatório payroll. Ambos foram anunciados logo após o banco central americano (Federal Reserve, o Fed) decidir manter a taxa de juros pela oitava vez consecutiva, levando os investidores a questionarem se o Fed havia ‘perdido o bonde’ e optado por iniciar o corte de juros tarde demais.
Recuperação nos Mercados Asiáticos
No entanto, o humor dos investidores pareceu mudar repentinamente. O Nikkei, no Japão, registrou um aumento de 10%, recuperando quase todas as perdas do dia anterior. Enquanto as bolsas na Europa apresentaram leves altas, as americanas subiram mais de 1%. O VIX caiu 30%, reduzindo pela metade a alta do dia anterior. Essa mudança abrupta pode ter deixado os investidores apreensivos e com muitas dúvidas; afinal, se a queda das bolsas foi causada pelo temor de uma recessão nos Estados Unidos, esse medo simplesmente desapareceu? Não exatamente.
Desvalorização no Mercado Asiático e Impacto no Japão
Exagero no Japão ou situação única? Primeiramente, é crucial compreender por que, especialmente no Japão, o movimento foi tão acentuado. Enquanto nos pregões de quinta, sexta e segunda o S&P 500 caiu 6%, o Topix, no Japão, desabou 20%. Na quarta-feira (31), no mesmo dia em que o Fed manteve suas taxas de juros, o Banco do Japão aumentou as taxas para 0,25%, saindo da faixa anterior de 0 a 0,1%. Embora tenha sido uma ação inesperada, Taku Arai, vice-chefe de ações japonesas da gestora britânica Schroders, explica a lógica por trás: ‘O aumento da taxa reflete a confiança no desenvolvimento macroeconômico, incluindo o crescimento salarial. Também mitiga o risco de uma maior fraqueza do iene, que poderia impulsionar a inflação no país.’ A alta de juros inesperada no Japão, combinada com dados mais fracos dos EUA, sugerindo que o Fed precisará cortar os juros, causou um fortalecimento acentuado do iene japonês. Isso provocou uma maior volatilidade no mercado devido às operações de ‘carry trade’ com ienes japoneses (quando os investidores tomam empréstimos em ienes e investem em ativos estrangeiros de maior rendimento), que rapidamente foram desfeitas, resultando em uma apreciação ainda maior do iene, conforme Simon Webber, diretor de ações globais da Schroders. ‘O iene havia se tornado muito subvalorizado. É difícil dizer se os mercados reagiram exageradamente ou se todas as posições foram desfeitas.’ A turbulência não se limitou ao Japão. A liquidação de ações globais também foi provavelmente exacerbada pelos níveis mais baixos de liquidez típicos dos meses de verão no hemisfério norte.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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