Produtores brasileiros rebatem relatório acusando varejistas; negam desmatamento e grilagem em algodão das marcas Zara e H&M.
A organização não governamental Erathsigth revelou um estudo alarmante nesta semana, apontando a associação das empresas Zara e H&M com situações suspeitas de desmatamento e grilagem. Após extensa pesquisa que incluiu observação de imagens de satélite e análise de dados de exportação, a ONG identificou um total de 816 mil toneladas de algodão provenientes de áreas com possíveis problemas ambientais e conflitos fundiários.
O relatório destaca os impactos negativos do desmatamento e da destruição florestal associados à produção de algodão, reforçando a importância de uma abordagem responsável por parte das grandes marcas do setor têxtil. A conscientização sobre o impacto ambiental das práticas de produção é fundamental para promover mudanças significativas, visando a preservação dos ecossistemas e o respeito aos direitos das comunidades locais afetadas.
Desmatamento e Grilagem de Terras: Impactos na Indústria da Moda
Na mira da ONG Earthsigth aparecem propriedades do Grupo Horita e da SLC Agrícola (SLCE3) na Bahia, relacionadas a casos de desmatamento e grilagem de terras. Essas propriedades estariam envolvidas na produção de algodão que chega às varejistas de moda através de intermediários. Grandes marcas de moda, como Zara e H&M, adquirem peças principalmente de fornecedores na Ásia, que transformam o algodão cru em produtos finais comercializados pelas lojas.
Examinando milhares de registros de exportação, os investigadores descobriram que os fornecedores de H&M e Zara adquirem algodão cultivado no oeste da Bahia por Grupo Horita e SLC Agrícola. Todo o algodão rastreado foi certificado como sustentável pela Better Cotton Initiative (BCI), principal programa de sustentabilidade para o algodão global. No entanto, em 2017, o projeto foi acusado de ‘lavagem verde’.
As novas regras do BCI, atualizadas em 1º de março de 2024, apresentam lacunas, conflitos de interesse e fraca aplicação. O algodão proveniente de terras desmatadas ilegalmente antes de 2020 ainda pode ser certificado como sustentável, mesmo se houve apropriação indevida de terras das comunidades locais. O Grupo Horita e a SLC Agrícola são mencionados em relatório acusando varejistas de moda de utilizarem algodão associado a práticas questionáveis.
Nos casos de desmatamento e grilagem nas regiões de Estrondo e Capão do Modesto, na Bahia, a Earthsigth baseia suas acusações em relatos de moradores locais e ações do Ministério Público estadual. A SLC é acusada de se beneficiar de uma área de reserva legal em Capão do Modesto, enquanto o Grupo Horita é apontado como dono da Fazenda Alegre, envolvida em litígios.
A SLC afirmou que a área operada pela empresa está distante da região em disputa, enquanto o Grupo Horita negou a sobreposição de áreas. As alegações de desmatamento e grilagem de terras apontam para o impacto ambiental e social dessas práticas, evidenciando a necessidade de maior transparência e responsabilidade na cadeia de fornecimento da indústria da moda.
Fonte: @ Info Money
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