Lessa revelou que consultou locais para executar Marielle com o ‘Doutor Piroca’ na zona oeste do Rio, conforme relatório da Polícia Federal.
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os detalhes do assassinato da ativista Marielle Franco continuam a surgir, com a revelação do ex-policial militar Ronnie Lessa sobre os preparativos para o crime. Lessa afirmou em sua delação premiada que pesquisou locais para executar a vereadora Marielle Franco enquanto bebia uísque com um amigo, o advogado André Luiz Fernandes Maia, conhecido como Doutor Piroca.
Ainda chocada com a brutal execução da vereadora, a população aguarda por mais esclarecimentos e justiça. O envolvimento de Lessa nos detalhes do crime reforça a necessidade de uma investigação completa sobre o terrível assassinato, que ainda deixa muitas perguntas sem respostas.
Marielle Franco: A vereadora assassinada e os locais para executar o crime
De acordo com relatório da Polícia Federal sobre o caso, Lessa afirmou que, na ocasião, estava ‘obcecado em encontrar uma alternativa viável’ para a execução e, por isso, passou a pesquisar locais para a execução e, por isso, passou a estudar o endereço em que a vereadora morava ‘com afinco’, enquanto estava na companhia do advogado, morto 29 dias depois do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes.
Maia também é brevemente mencionado na delação de Élcio de Queiroz, ex-policial militar, outro suspeito de ter executado a vereadora. De acordo com colegas de profissão de André Luiz Fernandes Maia, o apelido ‘Doutor Piroca’ fazia referência à expressão ‘piroca das ideias’, no sentido de ‘doido’.
A trajetória de André Luiz Fernandes Maia e seu envolvimento em brigas
A reportagem apurou que, no meio profissional, ele era tido como ‘marrento’, se envolvia em brigas e tinha o costume de andar armado. Quando foi morto, em 12 de abril de 2018, respondia pelos crimes de ameaça e estelionato. Ele já tinha sido condenado, em julho de 2014, pelo crime de coação no curso do processo e cumpriu um ano de prisão em regime aberto.
A reportagem não localizou representantes de Maia. No dia de sua morte, ele saía de casa no Anil, bairro dominado pela milícia na zona oeste do Rio, quando foi abordado por dois homens armados que estavam numa moto. Os suspeitos atiraram à queima-roupa contra o advogado, atingindo a vítima no peito, e fugiram sem levar nada.
Desdobramentos do caso Marielle Franco e a prisão de suspeitos
Na ocasião, a Polícia Civil do Rio concluiu que o homicídio foi motivado por dívidas com a milícia. O caso foi denunciado pelo Ministério Público. Um suspeito do crime, apontado como integrante do grupo paramilitar do Anil, foi preso em Miguel Pereira, no interior do estado, em agosto de 2021.
Lessa, que é réu confesso, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e apontou outros três suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle e Anderson, além da tentativa de matar a assessora Fernanda Chaves. Na manhã deste domingo (24), a PF deflagrou a operação Murder Inc. e prendeu o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio.
No despacho que autorizou a prisão, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes afirma que a ‘divergência política em relação à regularização fundiária de condomínios da zona oeste do Rio’ está por trás das motivações do crime.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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