PF investiga empresa ligada a desembargador na Operação Churrascada, esquema de venda e pedido de soltura.
Via @metropoles | Uma investigação da Polícia Federal (PF) revela que o desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), teve uma mudança de posicionamento e favoreceu réus acusados de roubo de carga imediatamente após uma empresa associada ao filho do desembargador receber um depósito em dinheiro vivo no valor de R$ 65 mil. O desembargador está no centro da Operação Churrascada, que foi deflagrada na última quinta-feira (20/6) pela PF, com o objetivo de desmantelar um alegado esquema de venda de sentenças judiciais.
As investigações apontam que o juiz em questão teria alterado seu entendimento jurídico em benefício dos réus logo após a transação financeira suspeita envolvendo a empresa ligada ao seu filho. A ação da PF, que teve como foco principal o desembargador, evidencia a gravidade das acusações de corrupção no âmbito do Poder Judiciário, reforçando a importância da transparência e integridade no sistema judicial do país.
Desembargador afastado por ordem do STJ
O desembargador em questão está temporariamente afastado de suas funções por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O caso que levou a essa medida envolve os réus Diogo Concórdia da Silva e Almir Gustavo Miranda, que foram detidos em flagrante ao tentar roubar um caminhão carregado com alimentos no valor de R$ 320 mil, em fevereiro de 2015. Após 14 meses da prisão dos acusados, duas advogadas entraram com um pedido de habeas corpus para revogar a prisão preventiva. O relator do processo, Ivo de Almeida, rejeitou a alegação de excesso de prazo e negou o pedido liminar.
Novos rumos na investigação
Posteriormente, as advogadas passaram a ser representadas por Luiz Pires Moraes Neto, figura central no esquema sob investigação na Operação Churrascada. Sob a nova representação, o pedido de soltura foi reiterado com os mesmos argumentos. A petição solicitando a reconsideração da decisão liminar foi protocolada em 24 de maio de 2016. Durante as investigações, foi descoberto que nessa mesma data houve um depósito de R$ 65 mil, proveniente de uma fonte não identificada, para a empresa Citron Residence Incorporações, da qual o filho do desembargador era sócio.
Decisão polêmica e suspeitas
Mesmo sem novos elementos no processo, em 7 de junho de 2016, o desembargador mudou sua posição e reconheceu o excesso de prazo para manter a prisão preventiva dos réus. Ivo de Almeida também é alvo de suspeitas de participar de um esquema de ‘rachadinha’ em seu gabinete, além de supostamente ter negociado decisões judiciais em outros casos. Entre essas negociações, há alegações de tratativas de propina no valor de R$ 1 milhão para favorecer o narcotraficante Romilton Queiroz Hosi, ligado a Fernandinho Beira-Mar, ex-líder do Comando Vermelho.
Defesa busca esclarecimentos
O advogado Alamiro Velludo Salvador Netto, responsável pela defesa de Ivo de Almeida, ressalta que ainda não teve acesso aos documentos que embasaram as medidas cautelares determinadas pelo STJ. Ele aguarda a autorização para ter acesso completo às investigações, a fim de poder se manifestar e, assim, restabelecer a verdade e a justiça no caso.
Fonte: © Direto News
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