Artigo de Marcelo Dadian, VP de novos negócios da OLX, mostra como inteligência artificial pode descarbonizar prédios no mercado imobiliário usando certificações e tecnologia digital.
Uma das estratégias mais discutidas atualmente para combater as mudanças climáticas é a descarbonização. Este processo consiste na redução das emissões de carbono na atmosfera, contribuindo para a preservação do meio ambiente e para a mitigação dos impactos negativos no clima.
A descarbonização é fundamental para promover a sustentabilidade e a eficiência energética. Ao adotar práticas e tecnologias mais limpas e renováveis, é possível reduzir o consumo de recursos naturais e minimizar o impacto ambiental das atividades humanas. Investir em soluções que promovam a descarbonização é essencial para garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações.
Descarbonização do setor imobiliário: um desafio urgente e necessário
A crise ambiental – uma crise que já vivemos, haja vista as recentes ondas de calor recorde ou o aumento na frequência de eventos climáticos extremos, como temporais ou estiagens – é um tema cada vez mais central, e as empresas são compelidas a oferecer respostas para esses novos anseios do consumidor. O mercado imobiliário é impactado diretamente por essa agenda.
Não poderia ser diferente: o setor responde por cerca de 40% das emissões globais de CO2. Essa marca negativa se deve, em primeiro lugar, à cadeia produtiva altamente poluente dos insumos usados na construção civil, concreto e aço em particular. A Chatham House, instituto de pesquisa do Reino Unido, estima, por exemplo, que 8% das emissões mundiais de carbono advém da fabricação do cimento.
Sustentabilidade e eficiência energética na corrente produtiva do mercado imobiliário
Em segundo, a operação dos edifícios, com seus sistemas de refrigeração e iluminação obsoletos, contribui sobremaneira para o caráter poluente desse mercado. A descarbonização do setor imobiliário está, portanto, na ordem do dia.
A OCDE, por meio de sua Agência Internacional de Energia, estima que até 2060 o total de área construída no planeta irá dobrar, alcançando a marca impressionante de 240 bilhões de metros quadrados – ou uma cidade de Nova York sendo erguida todo mês, por quase 40 anos. É evidente que, mantidos os atuais padrões de poluição, o planeta não irá comportar esse grau de crescimento.
Falar em descarbonização do mercado imobiliário exige pensar em três níveis, ou três problemas distintos: imóveis antigos, construídos há décadas; imóveis construídos recentemente; e empreendimentos futuros. No caso dos primeiros, a margem de manobra é pequena.
Empresas e tecnologia digital: aliadas na descarbonização
É necessário investir, sim, na modernização dessas casas e edifícios, com atualização de redes elétricas, instalação de placas de energia solar, sistemas inteligentes de iluminação, mas há um número finito de reformas e alterações que cada projeto comporta. Imóveis novos tendem a sair na frente no quesito sustentabilidade.
Há um claro esforço do mercado para atender a esses critérios, e quem acompanha os anúncios do setor viu crescer exponencialmente o uso de termos como ‘eficiência energética’, ‘fachada ventilada’, ‘placas fotovoltaicas’ e assim por diante.
Certificações e controle de emissões: avanços necessários para a descarbonização
O mercado também adotou certificações de sustentabilidade, como AQUA-HQE (‘Alta Qualidade Ambiental’, ou haute qualité environnementale, no original em francês), LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) e Selo Casa Azul + CAIXA, desenvolvido por pesquisadores da USP, UNICAMP e UFSC. O ímpeto na direção certa já existe, mas é preciso avançar mais.
Cada edifício é um verdadeiro laboratório vivo, dinâmico, sobre como o desgaste ao longo do tempo, as condições climáticas locais e o comportamento dos moradores influencia os níveis de poluição de um imóvel. Basta haver quem colete e interprete esses dados. Aqui a tecnologia pode ser uma aliada poderosa.
Mercado imobiliário e o desafio da sustentabilidade nas construções futuras
Ferramentas de inteligência artificial (IA) são capazes de ‘ler’ essas informações, de identificar padrões de comportamento e consumo, de avaliar o desempenho dos equipamentos prediais, de aprender (e indicar) o que funciona e o que não funciona em um imóvel.
Todos sabem que a tecnologia digital, por meio de automações e do controle inteligente de sistemas, permite economizar energia, mas é preciso olhar para a IA também como produtora de métricas objetivas de sustentabilidade imobiliária. Ela pode de fato nos ensinar a construir edificações mais verdes e eficientes.
As empresas do setor imobiliário enfrentam, assim, o desafio urgente e necessário de adotar práticas de descarbonização em toda a corrente produtiva, visando um futuro mais sustentável e eficiente no mercado imobiliário.
Conteúdo original publicado em: https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/descarbonizacao-do-mercado-imobiliario-e-um-desafio-urgente/index.htm
Fonte: © Estadão Imóveis
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