Experiências práticas são fundamentais para a aprendizagem, pois reforçam a compreensão e a memória episódica, relacionando ao conhecimento prévio e memória semântica em contextos científicos.
Um grupo de cientistas, incluindo integrantes da Royal Society of Chemistry (sociedade científica do Reino Unido), propôs recentemente que experiências como lamber um picolé deveriam fazer parte do currículo de ciências, permitindo que os estudantes desenvolvam habilidades práticas e teóricas de forma mais eficaz.
Essa abordagem inovadora visa proporcionar aos alunos experiências mais significativas e interativas, permitindo que eles aprendam por meio de vivências e demonstrações práticas, em vez de apenas teoria. Além disso, práticas como essas podem ajudar a despertar o interesse dos estudantes pela ciência e torná-la mais acessível e divertida. Aprender é divertido quando se pode experimentar!
Experiências e Aprendizado: Uma Análise Profunda
A ideia de aprender por meio de experiências tem uma longa história, remontando ao trabalho do educador John Dewey no início do século XX. Dewey e outros educadores da época estavam preocupados com o fato de que a ênfase na aprendizagem mecânica levaria ao ‘conhecimento inerte’: fatos que os alunos não conseguiriam aplicar ao mundo real. Experiências como lamber um pirulito ou brincar com sombras podem ser memoráveis, especialmente se você nunca tiver feito isso antes. No entanto, há uma diferença entre ter lembranças e ter conhecimento.
Experiências e compreensão estão intimamente relacionadas, mas não são sinônimos. Ter vivenciado um evento não significa necessariamente que você entenda o que aconteceu. A compreensão envolve um tipo diferente de memória – as semânticas – que se baseiam na compreensão de como as coisas funcionam e o que significam. Esses entendimentos são essenciais tanto para o aprendizado científico quanto para o uso da linguagem.
A Importância do Contexto e do Conhecimento Prévio
Aprender sobre derretimento, por exemplo, não é apenas uma questão de demonstrar o fato uma vez e esperar que os alunos aprendam. Os alunos precisam entender o encontro, ter sua atenção direcionada para processos semelhantes e diferentes e conhecer múltiplos exemplos. Para tirar o máximo proveito disso, os estudantes necessitam de conhecimento prévio suficiente sobre o que está acontecendo quando observam algo em sala de aula. Esse é um dos motivos pelos quais deixar que os alunos descubram as coisas sozinhos é uma estratégia falha.
Experiências pontuais não funcionam porque os alunos precisam revisitar as ideias periodicamente, cada vez trazendo um novo nível de compreensão. A utilização de exemplos e demonstrações em sala de aula pode ser uma porta de entrada útil para uma compreensão mais profunda, mas não é um atalho para o conhecimento. As vivências e práticas são essenciais para o aprendizado, mas precisam ser integradas a um contexto mais amplo e a um conhecimento prévio sólido.
Memória Episódica e Memória Semântica
Chupar um picolé ou vê-lo derreter na sala de aula levaria ao que os psicólogos chamam de memória episódica: uma lembrança de um evento em sua vida. No entanto, a memória semântica é mais importante para o aprendizado científico e o uso da linguagem. Essa memória se baseia na compreensão de como as coisas funcionam e o que significam. É o tipo de memória que está em jogo quando você usa uma palavra como ‘pesado’ sem conexão com um objeto de peso específico.
As experiências são importantes, mas precisam ser integradas a um contexto mais amplo e a um conhecimento prévio sólido. Aprender sobre derretimento, por exemplo, envolve mais do que apenas demonstrar o fato uma vez. Os alunos precisam entender o encontro, ter sua atenção direcionada para processos semelhantes e diferentes e conhecer múltiplos exemplos. As vivências e práticas são essenciais para o aprendizado, mas precisam ser integradas a um contexto mais amplo e a um conhecimento prévio sólido.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo