Banco Central criou base de dados para super apps financeiros com sistema financeiro aberto, instituições alimentam sistemas com dados compartilhados.
Mais da metade dos clientes de bancos desconhece o financeiro aberto – revela estudo realizado pela Zetta, entidade que representa empresas de tecnologia financeira. No entanto, mesmo sem ter conhecimento, é provável que em algum momento se deparem com serviços e produtos abertos financeiramente.
Essa falta de familiaridade com o termo sistema financeiro aberto pode ser superada com mais educação financeira e divulgação de informações sobre as vantagens de um sistema financeiro aberto. Dessa forma, os consumidores podem se beneficiar de uma maior transparência e facilidade de acesso a produtos e serviços financeiros.
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Um exemplo ilustrativo são os famosos ‘super apps’, que diversas instituições financeiras estão desenvolvendo com o objetivo de simplificar a vida financeira dos indivíduos. Há cerca de três anos, o conceito de open finance foi introduzido pelo Banco Central, apresentando-se como uma estrutura abrangente que combina tecnologia e regulamentação para viabilizar o compartilhamento de dados dos usuários com várias instituições financeiras, mesmo que estes não sejam clientes dessas instituições.
Com o open finance, informações específicas, que anteriormente eram restritas a um único banco, passaram a ser acessíveis a outras entidades financeiras. É a partir desse vasto banco de dados que os super apps estão sendo alimentados, conforme destaca Otávio Damaso, diretor de regulação do BC. As instituições financeiras almejam que os usuários utilizem seus aplicativos para acessar o sistema financeiro e, para isso, recorrem à plataforma do open finance para obter os dados dos clientes presentes na base de dados de diferentes bancos. Portanto, o open finance desempenha um papel fundamental na existência dos super apps.
Mas o que exatamente é um super app? Trata-se de um aplicativo que proporciona ao consumidor a liberdade de adquirir e gerenciar todos os produtos desejados em um único local, independentemente do banco, fintech ou varejista que os ofereça. O usuário passa a utilizar um único canal para filtrar ofertas e selecionar aquelas que melhor atendem às suas necessidades como consumidor. Essa mudança significativa está prestes a ocorrer, conforme resume Gueitiro Genso, especialista em serviços financeiros.
Em termos práticos, essa evolução implica dizer adeus aos diversos aplicativos bancários e de cartões instalados nos dispositivos móveis, sem abrir mão do acesso aos serviços financeiros. Considerando que, em média, os brasileiros possuem seis contas abertas, muitos celulares poderão recuperar espaço de armazenamento. No entanto, essa conveniência adicional representa apenas o começo.
Os benefícios vão muito além e se concentram, principalmente, na melhoria da experiência do usuário, conforme destaca Samuel Freire Jr, líder da área de open finance do Sistema Ailos. Por muito tempo, a competitividade entre os bancos se baseava na qualidade dos produtos oferecidos. Com as novas diretrizes do BC, ter um produto de qualidade tornou-se uma obrigação, uma vez que os produtos de uma instituição podem ser adquiridos por meio do canal de outra e vice-versa.
Atualmente, a competição está cada vez mais voltada para a experiência do cliente, na construção de uma jornada fluida, rápida, segura e amigável. É essa abordagem que irá cativar o interesse dos usuários, e é por esse engajamento que os bancos estão competindo atualmente. Genso complementa afirmando que essa nova forma de competição entre os bancos – sobre quem compreende melhor o consumidor potencial – abre espaço para que os usuários sejam atendidos de forma abrangente.
A disputa gira em torno da centralidade, permitindo que o cliente gerencie toda sua vida por meio do aplicativo de uma instituição específica. Com a facilidade cada vez maior de trocar de banco, devido à ausência de barreiras para a migração de clientes, as instituições financeiras estão se esforçando ao máximo para oferecer uma experiência excepcional aos usuários.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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