Júlio César reformou o calendário romano desorganizado, adicionando meses e anos bissextos. Um erro de contagem quase frustrou o projeto.
O uso do calendário ao longo dos séculos se tornou essencial para a organização da sociedade e das atividades do dia a dia. Hoje em dia, podemos programar eventos, reuniões e compromissos com antecedência, graças à existência do calendário que nos permite visualizar os dias, semanas e meses.
A cronologia dos eventos históricos é fundamental para entender o passado e suas influências no presente. Além disso, o tempo é um recurso precioso que o calendário nos ajuda a administrar, permitindo uma melhor gestão do nosso dia a dia. Não podemos subestimar a importância de manter uma agenda organizada para otimizar nosso tempo.
Uma longa jornada para corrigir o calendário
Ele ficou tão desregulado que importantes festivais anuais tinham cada vez menos semelhança com o que acontecia no mundo real. Até que Júlio César (100 a.C.-44 a.C.) quis corrigir esse sistema que não fazia mais sentido. Não era uma tarefa fácil. Era preciso acertar o calendário do Império Romano e ajustá-lo para a rotação da Terra sobre seu eixo (um dia) e sua órbita em torno do Sol (um ano).🧮 A solução encontrada por César nos deu o ano mais longo da história. Ele acrescentou meses ao calendário e os retirou em seguida, fixou o calendário às estações e criou o ano bissexto. Foi um projeto enorme, que quase deu errado devido a uma peculiaridade da matemática romana.
Reorganização do calendário romano por Numa Pompílio
Estamos em 46 a.C. – o Ano da Confusão. O ano de 46 a.C. pode ter sido complicado, mas não tanto quanto o anterior, segundo a professora de história Helen Parish, visitante da Universidade de Reading, no Reino Unido. O primeiro calendário romano era determinado pelos ciclos da Lua e do ano agrícola. Observando com os olhos modernos, a impressão é que está faltando alguma coisa. 🗓️ O ano tinha apenas 10 meses. Ele começava em março (primavera do hemisfério norte) e o décimo mês do ano – o último – era o que conhecemos hoje como dezembro. Seis desses meses tinham 30 dias e quatro tinham 31. Ao todo, o ano tinha 304 dias. Como ficavam, então, os dias restantes? ‘Os dois meses do ano em que não havia trabalho a se fazer no campo simplesmente não eram contados’, explica Parish. Em outras palavras, o Sol nascia e se punha, mas oficialmente não havia se passado nenhum dia no primeiro calendário romano.
A adição dos meses de janeiro e fevereiro por Numa Pompílio
Foi aí que começaram a surgir as complicações, segundo a professora. Em 731 a.C., o segundo rei de Roma, Numa Pompílio (753 a.C.-673 a.C.), decidiu melhorar o calendário romano. Ele acrescentou meses adicionais para cobrir o período de inverno. ‘Qual o propósito de um calendário que cobre apenas uma parte do ano?’, questiona Parish. A resposta de Pompílio foi acrescentar 51 dias ao calendário, criando os meses que hoje chamamos de janeiro e fevereiro. Esta extensão aumentou o ano-calendário para 355 dias. O número pode parecer estranho, mas foi escolhido de propósito. Este número faz referência ao ano lunar (12 meses lunares), que tem 354 dias de duração. Mas, ‘devido à superstição romana com os números pares, foi acrescentado mais um dia, totalizando 355’, segundo Parish. Nesta reorganização, os meses foram dispostos de forma que todos tivessem números ímpares de dias, exceto fevereiro (28).
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo